O mundo contemporâneo desafia a sociologia

A Sociedade Brasileira de Sociologia organizo o 22º Congresso Brasileiro de Sociologia “O mundo contemporâneo desafia a sociologia”, de 15 a 18 de julho, na Universidade de São Paulo, com a participação do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais.
Na quarta-feira, dia 16, no Painel “Horizontes da sociologia latino-americana e caribenha frente à policrise contemporânea” – Sessão 1: “A América Latina e a sociologia global em tempos de grandes transformações” participou Pablo Vommaro, Diretor Executivo do CLACSO, juntamente com Geoffrey Pleyers, Université Catholique de Louvain, Presidente da ISA; y Ana Rivoir, Universidad de la República (UDELAR, Uruguay), Comitê Executivo da ISA e Ex-Presidenta da ALAS. Coordenadora: Edna Castro, UFPA, Presidenta da SBS e Diretoria da ALAS.

Na sua intervenção na cerimónia de abertura, na terça-feira 15, Pablo Vommaro saudou o espaço de reflexão, de encontro e de construção de comunidade num mundo convulsionado por uma policrise que coloca múltiplos desafios às ciências sociais e humanas.

Ele disse: “Eu saúdo profundamente este espaço de encontro, de comunidade epistêmica e intelectual, em um mundo que nos desafia a sustentar e fortalecer esses diálogos. Um congresso que nos chama a nos conectar com outros espaços sociais e a avançar na intervenção das ciências sociais.
Vivemos em uma policrise global – econômica, política, social, cultural, ambiental – que exige respostas inovadoras a crises entrelaçadas. Em um mundo mais uma vez dilacerado por guerras, com a geopolítica em transformação e o multilateralismo em disputa, precisamos construir espaços de paz, onde a diferença não seja uma ameaça, mas uma possibilidade de união.
As desigualdades crescentes, persistentes e multidimensionais nos desafiam: como criar políticas de igualdade que reconheçam e adotem a diversidade na construção dos bens comuns?
As democracias estão sendo enfraquecidas por forças autoritárias e discursos de ódio, mas também estão sendo desafiadas por dentro, pelo mal-estar e pela desilusão que exigem respostas. Devemos nos perguntar como fortalecê-las, como disputar significados e como sustentá-las em contextos de crise.
Hoje, o pensamento crítico, a ciência e a universidade estão sob ataque: com perseguição, censura e cortes, estão sendo feitas tentativas de deslegitimar o papel social da pesquisa. Recuperar esse lugar também implica reconstruir os vínculos com nossas sociedades, mostrando o poder transformador das ciências sociais, das humanidades e das artes.
Precisamos relançar a cooperação Sul-Sul, rever as responsabilidades do Norte global e fazer um progresso crítico nos campos da inteligência artificial, do mundo digital e de suas desigualdades. E, acima de tudo, precisamos fazer isso junto com as novas gerações. Sem elas, não há futuro possível.”

17/07/2025, 9h às 10h30
Painel: Horizontes da sociologia latino-americana e caribenha frente à policrise contemporânea
Sessão 2 – Pensamento crítico latino-americano e caribenho: trajetórias e intersecções com o sul global
Coordenador: Breno Bringel – UERJ; Vice-Presidente da ALAS
Integrantes:
Jesús Diaz (Universidad Autónoma de Santo Domingo; Presidente da ALAS)
Karina Batthyány (Universidad de la República, Uruguai; Ex-Diretora Executiva do CLACSO)
Marcelo Rosa (CPDA/UFRRJ)
Edna Castro (UFPA; Presidenta da SBS e Diretoria da ALAS)
Local: Filosofia e Ciências Sociais, sala 14
Um conjunto de novas e até há pouco inesperadas questões econômicas, políticas, sociais, culturais, ambientais e tecnológicas impõe-se no mundo social contemporâneo. Essas questões desafiam o conhecimento sociológico que veio se consolidando desde os dois últimos séculos.
Os usos da Inteligência Artificial, a vida subjetiva e coletiva organizada por meio de redes digitais, o aquecimento global e a piora da qualidade do ar, a elevação do nível dos oceanos, a fragilidade dos meios e instrumentos de proteção ambiental, a circulação de vírus antes desconhecidos colocando em risco a vida de milhares de seres humanos demandam rápidas respostas baseadas na ciência, justamente no momento em que o conhecimento científico é colocado sob suspeição.
Esse cenário contemporâneo é ainda agravado pelas ameaças das guerras que se valem de sofisticados recursos tecnológicos e reativam os riscos de conflitos nucleares. Na mesma direção, diferentes formas de violência e de crime organizado, corrompendo empresas e governos, tornam vulnerável a segurança mundial. Não menos importantes, a crise das democracias e a ascensão de ondas conservadoras trazem incertezas à convivência coletiva cotidiana, rompendo com padrões civilizatórios consolidados com a modernidade social e política.
Novas e crescentes desigualdades de vários tipos, em grande medida estimuladas pela desagregação das relações de trabalho e pela concentração dos meios de apropriação de bens materiais e simbólicos escassos, limitam drasticamente a possibilidade de uma vida digna a amplos grupos sociais. Além disso, formas contemporâneas de integração social, como o multiculturalismo e políticas de afirmação de gênero, sexualidade e de religião estão ameaçadas pelo extremismo político que passa a pautar novas formas de intolerância.
A velocidade com que esses problemas têm aparecido à cena pública e se disseminado pelos mais distintos territórios exige soluções e encaminhamentos rápidos e com profundo impacto. A grande tradição sociológica inspirada nos ideais racionalistas modernos, que demandam tempo de reflexão e maturidade intelectual, parece estar confrontada com tais acontecimentos.
Presentemente, é inegável reconhecer uma sorte de defasagem entre o tempo de evolução dos problemas e a capacidade do pensamento sociológico de compreendê-los e explicá-los. Os instrumentos conceituais e metodológicos, aperfeiçoados ao longo da história do pensamento sociológico, são ainda sólidos para decifrar os enigmas que se armam na contemporaneidade? Como inovar explicações sociológicas para o mal-estar contemporâneo que nos desafia de modo mais complexo?
O 22º Congresso Brasileiro de Sociologia procura explorar essas inquietações. Visa reativar a imaginação sociológica, valorizando diálogos interdisciplinares e novos modos de construção de problemas sociológicos de investigação em diferentes escalas, bem como novas mediações entre o global e o local. Esse objetivo amplo será realizado por meio de alguns formatos tradicionais como conferências, simpósios, mesas-redondas, reuniões de comitês de pesquisa e grupos de trabalho, além de sessões especiais, como a dos Sociólogos do Futuro.
O Congresso também aponta para inovações em sua organização. Prevê-se a realização de sessões integradas entre Comitês de Pesquisa e Grupos de Trabalho, maior interação com as sociedades latino-americanas de sociologia e melhor comunicação das atividades em tempo real, mediante entrevistas, podcasts e fragmentos online de algumas sessões, como as conferências.
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