Repudiamos os assassinatos cometidos no estado de Mato Grosso do Sul, Brasil e exigimos justiça

 Repudiamos os assassinatos cometidos no estado de Mato Grosso do Sul, Brasil e exigimos justiça

O Grupo de Trabalho CLACSO Pensamiento geográfico crítico latinoamericano, nos unimos à esposa e ao filho de 6 anos de Vitor Fernandes Kaiowá, assim como aos familiares de Márcio Moreira e a todxs xs que sentiram os seus assassinatos a tiros, pela ação contra a retomada Guapo’y Mirin Tujury, em Amambai (MS). Nos somamos aos esforços por denunciar a violência e a repressão do Estado e de seus associados privados, que marginalizam, devastam e destroem vidas, corpos e territórios Kaiowá e Guarani.

Exigimos urgentemente justiça por Vitor Fernandes Kaiowá, Márcio Moreira, Alex Kaiowá (morto por um fazendeiro a tiros), Alex Vasques Ricarte Lopes (assassinado por fazendeiros enquanto buscava lenha nas proximidades da reserva), e justiça a todxs que tombaram na luta pelo território originário
Kaiowá e Guarani. Exigimos justiça aos feridos que carregam cicatrizes dessa guerra em seus corpos-territórios, que sofrem diariamente uma drástica pressão psicológica. Exigimos proteção para a comunidade da Retomada Guapo’y Mirin Tujury, e exigimos o cumprimento do levantamento antropológico do território, que faz parte da Reserva Indígena de Amambai, onde está a segunda maior população Kaiowá e Guarani do estado de Mato Grosso do Sul.

A Terra Indígena de Amambai é uma das mais antigas de Mato Grosso do Sul, criada em 1915 pelo antigo Serviço de Proteção aos Índios. Em 1991, as terras foram homologadas como indígenas pela Fundação Nacional do Índio. Ainda assim, está ilegalmente na posse desse território a “Fazenda Borda”, com 269 hectares, cujo dono é o fazendeiro Waldir Cândido Torelli, responsável pela empresa VT Brasil Administração e Participação, que possui açougues em São Paulo e diversas fazendas no Mato Grosso do Sul.

A comunidade da Retomada Guapo’y Mirin Tujury está sendo acusada de ser narcotraficante, terrorista e estrangeiros, e de ser conformada por bandidos e invasores. Solicitamos que cessem as calúnias e esse discurso de ódio e racista, que visam criminalizar a retomada do território indígena.

Até o momento, ninguém responsável pelo massacre de Guapo’y Mirin Tujuryfoi preso. As ameaças de execução e perseguições continuam diariamente,segue a injustiça e a impunidade contra as comunidades indígenas Kaiowá e Guarani. Por isso, seguimos de luto e em luta, e solicitamos a prisão de João Gauto, o capitão da Reserva Indígena de Amambai, e dos envolvidos da Funai, pois, nos áudios revelados na imprensa, veio a público a negociação de ambos para esse massacre. Que parem as práticas genocidas e que o Estado devolva aos Kaiowá e Guarani as suas terras sagradas.

Exigimos justiça.

17 de agosto de 2022
Grupo de Trabajo CLACSO
Pensamiento geográfico crítico latinoamericano

Este pronunciamiento expresa la posición del Grupo de Trabajo Pensamiento geográfico crítico latinoamericano y no necesariamente la de los centros e instituciones que componen la red internacional de CLACSO, su Comité Directivo o su Secretaría Ejecutiva.